Desafios da Comunicação em Tempos de Quarentena

Nesta fase atual da humanidade, em que múltiplas e diversas mensagens são trocadas, compartilhadas , num clima de urgência e desafios, nunca antes vivenciados por uma geração “no limit”, impulsionada pela velocidade dos processos midiáticos e das práticas informacionais e de comunicação, via novas tecnologias, faz-se necessário alinhavarmos alguns conhecimentos das chamadas Ciências da informação e da Comunicação, para melhor compreendemos o ser humano como um ser complexo, inserido num contexto físico de tempo e espaço e num contexto psicológico, sócio cultural, econômico, político e religioso entre outros.

Diante de tantas dúvidas e perigos eminentes da pandemia do COVID 19, vivenciada em vários olhares e aspectos, muitas perguntas e pressupostos tentam responder e amenizar as expectativas, o medo e a ansiedade da população mundial, gerando mais dúvidas e contradições, em busca da verdade e de soluções.

O pânico do isolamento e as perdas físicas e emocionais de pessoas, aprisionadas numa rotina egóica, midiática e tecnológica, assoberbada pelo querer ter e poder, parece se desvanecer aos poucos.

Como num passe de mágica, percebemos que estamos reconquistando nossa essência de seres humanos, no saber cuidar de si e do próximo, com um novo olhar.
Um novo olhar capaz de gerar diálogos mais respeitosos e escuta ativa, para a promoção de relacionamentos sustentáveis, como nos propõe Marshall Rosenberg em sua obra Comunicação não Violenta, em que oferece técnicas e ferramentas para uma comunicação interpessoal compassiva e transformadora, em situações de conflitos.
A linguagem, como instrumento da comunicação e nós, humanos, enquanto seres de linguagem, devemos estabelecer conexões de forma pacífica e eficaz, pois a comunicação não violenta, nos conecta empaticamente e nos ajuda a expressar com toda a sinceridade o que está ou não em harmonia com nossas necessidades, Possibilita, assim, a cura de nossas tensões diárias, promove o autocontrole de nossas emoções e o equilíbrio de nossas atitudes.
Afetados por diversos e diferentes conflitos, que atingem nossa estabilidade emocional, autoestima e bem-estar físico e espiritual, os padrões de comunicação e interação são, sensivelmente, mudados e as técnicas de “comunicação não violenta” passam a ser o elemento primordial em tudo o que fazemos, principalmente em nossa comunicação interpessoal presencial face a face.

Considerando a linguagem verbal em sua forma oral e escrita, associada à linguagem não verbal, pela qual nosso corpo se expressa, a prática de uma comunicação cordial e respeitosa (não violenta), exige um repertório de palavras imparciais, gentis, acolhedoras e, por que não, amorosas.
“O conflito emerge das mudanças e produz alterações nas dimensões pessoal, relacional, estrutural e cultural da experiência humana”, afirma John Paul Lederach, em seu livro Transformação de Conflitos.
Logo, como intervenção com o objetivo de construirmos uma sociedade e cultura da paz, uma comunicação não violenta, é o primeiro passo em nossa prática cotidiana.
Ela acompanha e reforça um novo método de resolução pacífica de conflitos. Seu principal mérito é nos ensinar a nos colocarmos no lugar do outro, desenvolvendo a empatia, que é de grande ajuda até em casos mais difíceis de rupturas e má comunicação.
Enfim, com simpatia e empatia, a paz de todos nós.

Dra. Vera Maria Patriani M. Gozzo

Mediadora, Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC



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